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Arte & manhas | Motivos para pessimismo, otimismo e esperança

Por: Luís Bogo
19/04/2023 15:45
Divulgação

A motivação para escrever este texto me veio de artigo opinativo publicado recentemente pelo filósofo, escritor e professor Luiz Felipe Pondé, em sua coluna na Folha de S. Paulo. Pondé não significa uma opinião qualquer. É doutor em filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFCLH-USP), com pós-doutorado pela Universidade de Tel Aviv.

Em seu artigo original, ele diz: “Não é por acaso que no cristianismo a esperança é vista como uma virtude teologal —para tê-la dependemos da graça de Deus”. Então, digo eu, agora, o otimismo depende de atitudes concretas que sejam alheias a qualquer tipo de crença.

Como exemplos podemos citar expectativas sobre nossos próprios trabalhos: o pedreiro não deseja que a parede que construiu caia ou apresente infiltrações; o médico tem esperança de que suas ações livrem o doente de suas dores; o ator deseja ser assistido e posteriormente recomendado a outro público ou espetáculo; o escritor que ver seu livro editado (e tanto ele quanto o editor têm a esperança de que sejam vendidos para que tragam dividendos aos dois, à livraria e aos vendedores). Para tanto, todos devem demonstrar competência.

Não. Não acredito que dependamos de nenhum favor imerecido, embora eventualmente recebamos alguns. Tudo é resultado dos nossos atos e são as nossas próprias atitudes que vão nos tornar mais esperançosos, otimistas ou pessimistas. Acredito que este pensamento tenha validade infinita: pode funcionar a curto, médio e longos prazos.

Também é preciso deixar claro que há uma diferença entre esperança e expectativa. A esperança implica que você siga na direção de metas e objetivos. A expectativa é o sonho, é colocar no coração um amor que ainda não aconteceu.

Partindo-se do princípio de que viemos de Deus e que Ele seja bom, não me cabe a ideia de que nascemos ruins ou pecadores. Tornamo-nos ruins quando somos colocados a ajoelhar no milho se a tarefa escolar não foi bem-feita.

Enxergar o mundo com pessimismo denota o conceito de uma criação perversa, onde todos nós estaríamos condenados a uma punição eterna. A minha crença ou descrença afirma que não há de haver punição enquanto houver o propósito de promover o bem, seja através de palavras ou gestos, posto que muitas vezes os pensamentos nos escapam.

Ainda em 1981, meu amigo Raul Varassin, falecido recentemente, escreveu-me uma cartinha dizendo que não adiantaria chorarmos quando as bombas atômicas caíssem sobre nossas cabeças. Ele era pessimista e eu nunca acreditei nesta hipótese. Continuo acreditando na possibilidade do ser humano se livrar de tudo o que lhe contamina a alma para que possamos conviver em sociedades mais justas. E isto não tem nada a ver com anjos ou demônios, mas apenas com nossas próprias atitudes, sejam no trato diário ou na hora de digitar o voto na urna.

Para sermos mais otimistas, para que os dias amanheçam mais belos, mesmo que sejam chuvosos, precisamos olhar para o horizonte com mais alegria e com mais esperança. Olhar para as nuvens misturando as próprias lágrimas com a chuva que delas caem, não trará alegria para quem está ao nosso entorno, pois temos necessidade de mais sorrisos, de muitos mais sorrisos.

Apesar das tristezas e frustrações corriqueiras, precisamos ser otimistas quanto aos próprios futuros e ao da humanidade, também. Isto não significa que devamos passar ao largo do que acontece à nossa volta ou em volta do planeta.

Humildade e empatia são as palavras-chave para mantermos a esperança.


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